No início da década de 1980, a eclosão de uma nova doença – posteriormente identificada como uma síndrome, conhecida mundialmente pela sigla AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) – foi responsável por mudanças significativas em campos que extrapolam a área de saúde, principalmente pelo fato de a doença se relacionar ao comportamento sexual. Galvão (2000) comenta que o desafio de combater a doença instalou-se em diferentes áreas do conhecimento, além das ciências biomédicas: economia, antropologia, política, direitos humanos, entre outras.
Os primeiros casos conhecidos de AIDS (em 1977 e 1978) ocorreram nos Estados Unidos, Haiti e África Central. Naquela ocasião, os segmentos da população atingidos, denominados “grupos de riscos” e concentrados nos grandes centros urbanos, eram constituídos de homossexuais, receptores de sangue e hemoderivados e usuários de drogas injetáveis (BRASIL, 1999a).
Em torno de 1982, os primeiros casos de AIDS foram notificados e um programa inicial de mobilização foi estabelecido no Estado de São Paulo, prolongando-se até 1985 (PARKER, 1997). Na década seguinte, o crescimento da epidemia foi indiscutível. A taxa de incidência da AIDS sofreu uma considerável variação de mais de 50%, passando de 8,2 (1991) para 11,2 (1999) casos por 100 mil habitantes. Em 2000 cerca de 60% dos municípios brasileiros registraram pelo menos um caso da doença (GALVÃO, 2000).
A AIDS é uma doença caracterizada por uma disfunção grave do sistema imunológico do indivíduo infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Sua evolução pode ser dividida em três fases. A primeira delas é a infecção aguda, que pode surgir algumas semanas após a infecção inicial, com manifestações como febre, calafrios, sudorese, mialgias, cefaléia, dor de garganta, sintomas gastrintestinais, linfadenopatias generalizadas e erupções cutâneas. A maior parte dos indivíduos apresenta sintomas autolimitados. Entretanto, a maioria não é diagnosticada devido à semelhança com outras doenças virais. A segunda fase é quando o paciente entra em uma fase de infecção assintomática, de duração variável de alguns anos. E a terceira fase é caracterizada pela doença sintomática, na qual a AIDS é sua manifestação mais grave. Ela ocorre na medida em que o paciente vai apresentando alterações da imunidade como o surgimento de febre prolongada, diarréia crônica, perda de peso, sudorese noturna, astenia e adenomegalia.
A AIDS é uma doença provocada pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). Ele ataca e vai destruindo os mecanismos de defesa do corpo humano, provocando a perda da resistência natural que as pessoas possuem e permitindo o aparecimento de várias outras doenças.
Um indivíduo, mesmo apresentando resultado positivo para o HIV, pode não estar com AIDS. A doença AIDS representa o estágio mais avançado da infecção pelo HIV, quando o sistema imunológico já se encontra comprometido. Nesta fase, podem surgir as doenças oportunistas1 e neoplasias.
Esses indivíduos, após se infectarem com o HIV, passam por diferentes estágios como foi dito anteriormente, até chegarem ao estágio de infecção da AIDS. Podem apresentar sintomas leves durante um curto período; podem permanecer por um longo período assintomáticos ou apresentar sintomas, sinais ou doenças ainda não indicativos de AIDS.
É importante entender que, em qualquer estágio da infecção, o vírus encontra-se presente em processo de multiplicação, no organismo humano, sendo possível a sua transmissão, se não forem adotadas as medidas adequadas de prevenções. Mesmo no estágio assintomático, considerado como período de latência clínica, o HIV continua ativo e se replicando nos gânglios linfáticos. Este é um entendimento fundamental para o controle da epidemia na população. “Os portadores do HIV, no início da infecção, são pessoas que apresentam saúde, mas podem estar infectados, podendo passar o vírus para outras pessoas”.
A principal forma de transmissão em todo o mundo é a sexual, e a transmissão heterossexual, nas relações sem o uso de preservativos, é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a mais freqüente do ponto de vista global. Nos países desenvolvidos, a exposição do HIV por relações homossexuais ainda é responsável pelo maior número de casos, embora as relações heterossexuais estejam aumentando proporcionalmente, constituindo-se uma tendência na dinâmica da epidemia. “Em 1996, os rapazes de 15 a 24 anos representavam 8% das contaminações registradas nesse grupo. Hoje somam 15% [...] as relações heterossexuais se tornaram a principal forma de transmissão do HIV” .
A transmissão mediante transfusão de sangue e de seus derivados é cada vez menos relevante nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle da qualidade do sangue utilizado, como é o caso do Brasil. A transmissão sangüínea associada ao uso de drogas injetáveis é um meio muito eficaz de transmissão do HIV, quando há uso compartilhado de seringas e agulhas.
Outro meio de transmissão do HIV é a materno-infantil; é decorrente da exposição da criança à infecção pelo HIV durante a gestação, parto ou aleitamento materno/aleitamento cruzado. Essa forma de contágio cresce devido ao aumento da infecção pelo HIV em mulheres. A transmissão intra-uterina é possível em qualquer fase da gravidez, porém é menos freqüente no primeiro trimestre. Alguns estudos demonstram que uma proporção substancial dos casos de transmissão do HIV da mãe para o filho ocorre durante o período intraparto, e seria causada por transfusão do sangue materno para o feto durante as contrações uterinas, infecção após a rotura das membranas e contato do feto com as secreções ou sangue infectado do trato genital materno
Atualmente, com os avanços nos esquemas terapêuticos (medicamentos anti-retrovirais e quimioprofilaxia das infecções oportunistas) tem-se conseguido melhorar a qualidade de vida e ampliar a sobrevivência das pessoas portadoras do HIV em todos os estágios da infecção. Na ausência total de tratamento anti-retroviral, a evolução desde a soroconversão até a progressão para AIDS tem como média 12 semanas. Contudo, apesar de a distribuição do coquetel ser gratuita, especialistas notaram que há muito abandono ou uso irregular da medicação.
Segundo ABC.AIDS (2002b), se não houvesse distribuição gratuita de medicamentos anti-HIV no Brasil, teríamos 1,2 milhão de pessoas infectadas pelo HIV, sem chance de salvação nem de tratamento.
Assim, os tratamentos atuais impedem a multiplicação do HIV, mas não permitem eliminá-lo do organismo. Para que o tratamento anti-HIV seja mais eficaz é recomendável iniciá-lo antes que a pessoa tenha alguma doença e que o seu sistema imunológico esteja muito enfraquecido.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Os principais efeitos benéficos da atividade física e do exercício descritos na literatura são: diminuição da gordura, incremento da massa muscular, incremento da força muscular, incremento da densidade óssea, fortalecimento do tecido conetivo, incremento de flexibilidade, aumento do volume sistólico, diminuição da freqüência cardíaca em repouso, aumento da ventilação pulmonar, diminuição da pressão arterial, melhora do perfil lipídico, melhora da sensibilidade corporal, aumento do autoconceito e da auto-estima, da imagem corporal, diminuição do estresse e da ansiedade, da tensão muscular e da insônia, diminuição do consumo de medicamentos, melhora das funções cognitivas e da socialização.
Com esses efeitos gerais do exercício têm-se mostrado benefícios no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, artrite, dor crônica e desordens mentais e psicológicas.
O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA E O EXERCÍCIO
Uma nova ciência, a Psiconeuroimunologia, se expande a cada dia e procura estudar a relação entre a mente, o sistema nervoso e o sistema imunitário. Estudos realizados nessa área têm mostrado que qualquer tipo de estresse, seja físico ou mental, pode influenciar na função do sistema imunitário. Alterações imunológicas, de estresse psicológico, especialmente aquelas do dia-a-dia, têm importância clínica.
No entanto, o aumento do nível de estresse psicológico pode, muitas vezes, aumentar a vulnerabilidade à infecção das vias aéreas superiores.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ao contrário das outras infecções, afeta diretamente o sistema imunitário. Se o exercício físico exercer alguma influência sobre a resposta imunitária, talvez possa existir a possibilidade da alteração da evolução dessa doença, tanto para um caminho de melhoria como para um caminho de agravamento da síndrome.
Todo o conteúdo no seguinte link: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/63/2954
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